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Incontinência urinária afeta milhões de brasileiros e exige atenção médica especializada

Com alta prevalência entre pessoas acima dos 40 anos, condição exige diagnóstico preciso e oferece alternativas de tratamento que vão da fisioterapia às cirurgias

Entre 2020 e 2024, cerca de 29,3 mil cirurgias para tratar incontinência urinária foram realizadas no Brasil, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com dados do Ministério da Saúde. A condição, que afeta aproximadamente 45% das mulheres e 15% dos homens com mais de 40 anos, é caracterizada pela perda involuntária de urina e pode gerar impacto significativo na qualidade de vida, saúde física e mental, além de provocar prejuízos financeiros e sociais.

A incontinência urinária é considerada uma condição de saúde pública e está dividida em três categorias principais: esforço, urgência e mista. “É muito importante buscar o diagnóstico para entender qual é o mecanismo que está levando a essa perda para escolha do melhor tratamento”, orientou a urologista Dra. Maria Claudia Bicudo, coordenadora do Departamento de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia de SP.

IMPACTOS E FATORES DE RISCO

Negligenciar os sintomas pode resultar em complicações, como dermatite amoniacal – inflamação causada pelo contato frequente da urina com a pele –, além de prejuízos sociais e emocionais. Pessoas com incontinência, frequentemente, deixam de sair de casa por medo de episódios de escape. “Quando não tratada, pode impactar a saúde e gerar complicações diretas pelo contato da urina com o genital e surgimento de lesões na pele e mucosa, conhecida como dermatite amoniacal, e, complicações indiretas pelo impacto na qualidade de vida em diferentes aspectos”, reforçou a especialista.

Entre os principais fatores de risco associados à condição estão: envelhecimento; sexo feminino; histórico familiar; gestação; sobrepeso e obesidade; tabagismo; diabetes; doenças neurológicas como Parkinson e esclerose múltipla; cirurgias pélvicas e de próstata. Em pessoas idosas, a perda urinária costuma estar ligada ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, à menor capacidade de armazenamento da bexiga, à ingestão de medicamentos e ao aumento da próstata, no caso dos homens.

Durante a gravidez, a condição pode surgir devido a alterações hormonais, crescimento do útero, compressão da bexiga e enfraquecimento da musculatura pélvica. A prevenção nesse período envolve acompanhamento médico adequado, fortalecimento do assoalho pélvico com exercícios específicos e controle do ganho de peso.

ABORDAGENS TERAPÊUTICAS E NOVAS TECNOLOGIAS

As opções de tratamento variam conforme o tipo e a gravidade da incontinência. Em casos leves e moderados, mudanças comportamentais podem ser suficientes. Entre as recomendações estão: controle da ingestão de líquidos, urinar em intervalos regulares, evitar cafeína, tratar constipação, controlar o peso, abandonar o tabagismo e realizar atividades físicas.

A fisioterapia pélvica apresenta alto nível de recomendação tanto para a incontinência de esforço quanto para a de urgência. O trabalho deve ser conduzido por fisioterapeutas especializados, com avaliação da postura e da musculatura do assoalho pélvico. A depender do tipo de perda, diferentes recursos e técnicas podem ser aplicados.

Nos casos mais graves, o tratamento pode incluir uso de medicamentos, estimulação elétrica dos músculos, aplicação de toxina botulínica na bexiga e cirurgias para colocação de sling ou esfíncter artificial. Procedimentos cirúrgicos buscam aumentar a resistência uretral ou controlar contrações involuntárias da bexiga, como no caso da bexiga hiperativa.

A SBU destacou ainda a chegada de novas tecnologias. “Uma nova tecnologia para o tratamento da bexiga hiperativa já vem sendo utilizada com sucesso em outros países e tem previsão de chegar ao Brasil em 2026. Trata-se de um dispositivo implantado no nervo tibial (próximo ao tornozelo) para estímulo crônico da bexiga e controle da incontinência urinária de urgência”, informou a entidade.

“A incontinência urinária é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, e pode impactar de maneira negativa a qualidade de vida geral e sexual, as relações sociais, o impacto na saúde física e psicológica e por essa razão merece atenção e tratamento”, concluiu a especialista.

Fonte
SBU-SPAgência Brasil
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