Marcas próprias ganham cada vez mais destaque no mercado global de bens de consumo
Relatórios da Circana revelam crescimento contínuo das marcas de distribuidor, impulsionadas por inovação, sustentabilidade e mudanças nas preferências dos consumidores

A Circana, uma das principais consultorias sobre o comportamento do consumidor, publicou dois relatórios que detalham a evolução das marcas próprias no mercado global. Os estudos detalham como as marcas de distribuidor, inicialmente impulsionadas pela busca por preços mais baixos durante períodos de inflação, se transformaram em opções altamente competitivas, com os consumidores reconhecendo cada vez mais a qualidade e a variedade oferecida pelos varejistas.
O primeiro relatório, “A Global Private Label Perspective”, foca nas abordagens regionais adotadas na União Europeia, Austrália e Estados Unidos. O segundo, “The U.S. Private Label Story”, explora com mais profundidade as tendências que estão moldando o mercado de marcas próprias nos EUA.
As conclusões indicam que, globalmente, as marcas de distribuidor estão se tornando mais competitivas, não só devido ao preço, mas principalmente pela inovação, sustentabilidade, diferenciação e “premiumização”. Na União Europeia, as marcas próprias já detêm 39% da participação de mercado em termos de valor e 47% em unidades, com forte crescimento nos mercados de Espanha e França.
No mercado dos EUA, embora as marcas de distribuidor ainda estejam em processo de consolidação, elas representam 22% em valor e 24% em unidades, mas apresentam o crescimento mais acelerado em termos de vendas em dólares. Mesmo com a desaceleração da inflação, as marcas de distribuidor continuam a expandir sua participação.
Sally Lyons Wyatt, vice-presidente Executiva Global da Circana, afirmou que, embora o crescimento das marcas próprias tenha sido impulsionado pelos canais de valor, a próxima fase de expansão pode vir de diferentes fontes. “Embora os canais de valor tenham impulsionado recentemente os ganhos das marcas próprias, espera-se que mais mercearias – tanto de grande quanto de médio porte – invistam de forma mais agressiva, tornando as marcas próprias uma estratégia de crescimento central”, destacou Wyatt.
A executiva também comentou que os varejistas irão continuar a escalar suas ofertas, com produtos premium que agregam margem, enquanto ainda atendem à demanda por produtos de preço mais acessível. A inovação, incluindo novos produtos, localização, regionalização ou parcerias exclusivas, continuará a ser um foco central.
Além disso, o relatório global revelou que as marcas próprias experimentaram um crescimento de 9,4% nas vendas de valor e um aumento de 2,2% no volume de vendas nos seis maiores mercados europeus (França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha e Reino Unido), com as marcas próprias representando 39% da participação de mercado em valor e 46% em unidades. As categorias como alimentos refrigerados e frescos, cuidados pessoais e cuidados domésticos apresentaram a maior penetração de marcas próprias, com destaque para a Espanha, Alemanha e Países Baixos, sendo a Espanha a líder com uma participação de mercado de 48%.
Ananda Roy, vice-presidente sênior de Liderança Inovadora da Circana, ressaltou que as marcas próprias têm redefinido o panorama competitivo, não apenas por oferecerem preços mais baixos, mas também por fornecerem qualidade, inovação e sustentabilidade. “Seu sucesso sublinha uma mudança mais ampla dos consumidores em direção a marcas que se alinham com seus valores, principalmente em categorias preocupadas com a saúde e ecológicas”, afirmou Roy.
O relatório também descreveu quatro opções estratégicas para as marcas que buscam competir de forma eficaz: diversificação para categorias adjacentes, expansão da categoria por meio de inovação, desenvolvimento de diferenciação e parcerias estratégicas. Roy alerta, no entanto, que as marcas que se concentram exclusivamente em promoções, sem investir em inovação, correm o risco de serem superadas em um mercado cada vez mais dinâmico.
Com os varejistas apostando fortemente em suas ofertas de marcas próprias, os consumidores europeus parecem cada vez mais receptivos à relação qualidade-preço desses produtos, com a previsão de que as marcas próprias representem 50% do mercado europeu nos próximos anos.