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Viveo autoriza venda da Cremer em meio a reestruturação financeira

Decisão permite que unidade de higiene pessoal deixe de ser fiadora de R$ 2,3 bilhões em dívidas

A Viveo, empresa especializada na distribuição de insumos hospitalares, deu sinal verde para a venda da Cremer, sua unidade focada em produtos de higiene pessoal. A medida faz parte de uma estratégia mais ampla de renegociação de dívidas com credores, permitindo que a Cremer deixe de ser fiadora de R$ 2,3 bilhões em debêntures até 2029. 

No acordo fechado, a Viveo também obteve aprovação para elevar seu limite de alavancagem financeira, que passa temporariamente de 3,5 vezes para até 5 vezes até meados de 2026. Em troca, a empresa assegurou aos credores um compromisso de retomada do patamar anterior, além da adoção de medidas para melhorar sua estrutura financeira. Entre as ações previstas estão corte de custos, encerramento de centros de distribuição e consolidação de unidades fabris, todas programadas para o primeiro semestre de 2025. 

A companhia também concordou com novas garantias para investidores e estabeleceu restrições adicionais sobre endividamento, investimentos para 2025 e distribuição de dividendos. 

REESTRUTURAÇÃO ENVOLVEU CINCO ASSEMBLEIAS E LEVOU MAIS DE TRÊS MESES 

O processo de renegociação da Viveo foi distinto de outras operações recentes no mercado, pois não exigiu alongamento de prazos ou alteração de taxas de juros. As discussões com credores se estenderam por mais de três meses e envolveram cinco assembleias, sendo três realizadas em dezembro de 2024 e duas em janeiro de 2025. Como a Cremer estava vinculada à dívida, qualquer venda futura antes de 2029 exigiria nova deliberação. Para evitar esse impasse, a liberação foi antecipada. 

Em dezembro de 2024, a Viveo conseguiu um waiver, que suspendeu temporariamente a exigência de cumprimento de certos indicadores financeiros que poderiam desencadear a antecipação do vencimento das dívidas. Conforme os dados do terceiro trimestre de 2024, a empresa possuía R$ 3,4 bilhões em dívidas vinculadas a debêntures, com uma alavancagem de 3,14 vezes, e registrou prejuízo de R$ 234 milhões no período. 

Nos últimos anos, a Viveo realizou um agressivo movimento de aquisições, incorporando 25 empresas, sendo 18 apenas em 2023. Esse crescimento acelerado, aliado a fatores macroeconômicos, como a alta dos juros, e desafios internos, como a integração das companhias adquiridas, comprometeu sua saúde financeira e resultou no descumprimento de cláusulas de alavancagem de suas debêntures. Diante desse cenário, a Viveo iniciou um processo de renegociação com credores para reequilibrar suas finanças. 

Fonte
Estadão
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